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Um blog duvidoso mas mesmo muito duvidoso.
O meu irmão está numa travessia processual divorciante e o meu telefone não pára de tocar ao ponto de já o ter tentado abastecer numa daquelas merdas fornecedoras de energia para os carros electrónicos.Tenho 50 coisas aborrecidas para fazer e não estou com pachorra para tal. Tirei meia hora para choramingar na minha companhia e agora tenho a barba cheia de ranho e os olhos com o aspecto de quem fumou a apreensão anual de liamba da PJ. Vou-me emborrachar pela certa e pela incerteza.
Aquando da minha mudança para Lisboa não tive na altura alternativa a não ser socorrer-me da modalidade travelling light no que diz respeito a palavras palavrinhas e palavronas encadernadas com mais ou menos engenho por quem trata dessas merdiúnculas que estão espalhadas por 3 casas 1 escritório e uns arrumos desse modo apenas me acompanharam a bula de uma droga para os nervos e um folheto de uma bizarra entidade que organiza excursões às minas da Panasqueira tendo ambas sido lidas avidamente durante a viagem. Aqui chegado iniciei a aquisição incluindo a sua vertente furto-totalmente-desqualificado-de-dolo-para-a-sociedade daquilo que necessitava para obter um sólido e equilibrado andaime que permitisse à baixinha que me faz a cama sentir-se confortável e em total segurança enquanto eu lhe faço outras coisas de acordo com os ensinamentos dos compadres Copérnico e Arquimedes. A aleatória pescaria recaiu nos seguintes espécimes:
- "A Piada Infinita" David Foster Wallace (1198 páginas capazes de suster um 1755 de sacudidelas ao nível pélvico)
- "V." Thomas Pynchon (modestas 558)
- "Sonhos de Bunker Hill" John Fante (176 delas para servirem de calço ao segundo)
- "O Planeta do Sr. Sammler" Saul Bellow (276 que se portam muito bem na mesma função de suporte ao primeiro tijolo)
- "Trabalhos de Casa" Rogério Casanova ( 294 e porque sim, olhó caralho!)
- As Avenidas Periféricas" Patrick Modiano (101 até porque o gajo ganhou o último Nobel ainda que ninguém tenha percebido porquê embora a coisa esteja a ser de grande utilidade ao nível da construção não literária)
- "O Ente Querido" Evelyn Waugh (169 para preencher a minha cota fetichista por gajos com nomes de gaijas para além de o número de páginas ser bastante sugestuoso)
- "A Eneida" Virgílio (239 apesar de na seguinte ainda existirem umas letrinhas com alguma informação relevante nomeadamente sobre o facto de o homem ter "envergado a toga viril" acontecimento que irei em devido tempo investigar com minúcia.
Os alicerces permanecem portanto firmes e hirtos com força lapidar sendo de esperar que a empreitada lá para cima mencionada decorra sem percalços nem acidentes sexo-laborais dignos de menção.
Um bem haja a todas as criaturas que inexplicavelmente a mim se devotam.
Local: Galeria Municipal de Torres Vedras
Quando: anteontem
Conteúdos programáticos: uma dezena de bons quadros da Vieira da Silva e do Arpad mais Paula Rego e uns quantos outros menos apetecíveis
Status securitário: um velhote engripado e sonolento e total ausência de cambras vigilantes
Só precisava de um furgão e dois meliantes.
Estive embrenhado numa intensa pesquisa de cerca de 6 minutos com o auxilio de um motor de busca pela trela na demanda das mais bizarras profissões e eis o resultado parcial que eu não sou pessoa para enfartar os vossos delicados buchos:
- Masturbadora ambidextra num banco de esperma
- Designer de som para fabricantes de buzinas de automóveis
- Coçador de costas num lar de idosos com um part-time em centros de apoio a amputados
- Polícia sinaleiro em Banguecoque
- Suplente de crash test dummies quando os mesmos estão no estaleiro
- Consultor de moda em prisões da América Latina
- Provedor do leitor no correio da manha "só duas notícias sobre homicídios à sacholada? Assim não vão lá"
- Cobaia num laboratório fabricante de gás lacrimogéneo
- Testador de qualidade com diarreia crónica numa fábrica de papel higiénico
Há mais muito mais.
Vivo numa casa que é de momento uma estufa de vírus influenza do tipo A e estou fartinho de por lá andar com a tola enfiada num capacete a despejar sacos de lixo apinhados de lenços de papel já que a malta adoentada gasta as energias todas a expelir ranheta enquanto comunicam com uma pronúncia que me soa a uma infeliz mistura entre madeirês e açoriano com pitadas daquele dialecto absurdo usado pela Assunção Esteves o que me levou a desistir de as tentar entender tendo exigido que se desejarem dizer-me algo que o façam por sms. Se a gripe me caça terei grande dificuldade em responder pelos meus actos que em tais circunstâncias fazem de mim a pessoa mais desagradável da cidade a seguir ao Bruno de Carvalho após o Sportem ser goleado pelo Passarinhos da Ribeira.
Após uma maratona de diálogo que terá durado cerca de 7 minutos e um quartilho entre a Entidade Reguladora para a Desconverseta e esta publicação ficou estipulado pela primeira indeferir o pedido de deferimento para a transmissão em diferido das habituais frases desconexas e pensamentos da profundidade de uma poça de água. Desde já se agradece algum comedimento nas comemorações que certamente ocorrerão por parte das pessoas que aqui chegam por engano na ânsia de encontrar fotos do Paulo Portas numa banheira a enfiar submarinos de plástico sabem bem onde.
A Gemência
O escritor John Updike fez em tempos uma crítica mordaz a um livro do insuportável Salman Rushdie recaindo a mesma sobre a escolha do nome de uma das personagens ao que o gajo respondeu algo do género "qual é o problema? Um nome é apenas um nome e certamente que existirá por exemplo em Las Vegas um prostituto chamado John Updike". Deve ter sido a única coisa de jeito que escreveu.