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Um blog duvidoso mas mesmo muito duvidoso.
Reservar por telefone um restaurante todo de um chef cagão e ao chegar com uma hora de atraso com ar muito combalido "ainda não apareceu ninguém porque vinham num auto-pullman fretado que caiu numa ribanceira em mau estado e foderam-se todos. É possível levarem-lhes a comida ao hospital que é gente esquisita que não aprecia o que lá servem?".
Vestido de tartaruga Ninja arrastar-me esquadra de polícia adentro e murmurar "fui atacado por um bando de caracóis e não, não os consigo identificar. Foi tudo muito rápido, sr agente".
O Sr. Policarpo apresenta-se com o seu metro e quarenta e cinco de simpatia desdentada e aproxima-se de mim todos os dias junto ao meu "escritório" (designação dada pela malta para a mesa que habitualmente ocupo junto à varanda e onde posso fumar com grande desplante permissivo acompanhado da mochila contendo os pertences necessários para mais uma jornada laboral; fumantes, um livrito que não me dê muitas canseiras fisico-intelectuais, caderno com pedigree e caneta com publicidade a uma companhia de seguros que é muito satisfatória. A caneta, pelo menos). Pergunta-me sempre "quem marchou hoje?" referindo-se às minhas inescapáveis habilidades, mesmo para um velhote com duzentos e tal anos, para despachar malta no jogo de bilhar e essa capacidade de enfiar bolas em buracos com precisão indolor ameaça tornar-se fonte de embaraço para os notáveis praticantes da coisa do pau que vai e vem que por aqui vagueiam. Devo admitir algum cansaço vitorioso.
Ainda não disse nenhuma caralhada? Não me apetece voltar atrás para verificar.
Acabei de descobrir que um ser de enorme bom gosto chegou a esta morada através da pesquisa "periquitas apertadinhas". A zoofilia em todo o seu esplendor.
O que mais me dói é não ter sido informado que afinal quem treinava aquela chusma de teutónicos era a Frau Merkel "tomem lá seus preguiçosos gastadores do nosso querido dinheirinho e não se esqueçam que o trabalho liberta".
O mais extraordinário no âmago daquilo que a seguir será servido é verificar como aquele primeiro gajo à direita vestido de padeiro cheio de cagança reage ao colinho dado ao pau de virar de tripas "já acabou? Onde estão os croquetes e o murganheira que já não como nada há duas horas."
- Ficamos em terceiro e a culpa é da puta da ensaiadora.
- E os dois barris de jola antes do desfile foi ela que vos obrigou a mamar?
- Eu disse a ela que as marchas populares não combinam com kizomba e a vaca respondeu-me que era preciso modernizar. Que vá lá modernizar para o bairro dos pretos, puta que a pariu.
- Tens cá um mau perder, ó Isolina.
- Não tenho nada, caralho. Só gosto é de ganhar sempre. É pecado? Ai filha, estou toda fodida dos joanetes.
Nunca imaginei que uma abdicação real pudesse afectar desta forma dúzia e meia de gajos. Retorna mais um Felipe ao trono de Espanha e os Orange passam-se logo dos cornos no primeiro campo de batalha que encontram pela frente. Que mau feitio, irra!
Sentado numa poltrona (esta palavra dá-me tusa, aviso já) Le Corbusier, smoking óculos escuros e sapatos Tom Ford, teclando num tablet à porta da Igreja de S. Roque choramingar bem alto "Dai uma esmola ao ceguinho, dai uma esmola ao tadinho do ceguinho". O recipiente de recolha do apoio financeiro seria desta vez um cesto de piquenique da Hermés previamente fornecido com um palmo de notas de 50 e um cartaz "Não damos troco".
O clube passou oficiosamente a saloon. Ontem, dia deste nosso logradouro, do zarolho e da malta que teve que fazer pela vida através da diáspora, as comemorações foram épicas; sala cheia, tudo muito sossegado e eu a jogar bilhar com o Palhinhas que fode a mesa toda com aquela unhaca do mindinho maior do que uma cimitarra. De repente um sururu vindo de um dos recintos desportivos teve o desplante de se transformar numa algazarra que por sua vez descambou num tumulto. Parecia Atenas em dia azedo: cadeiras pelo ar, gritos de "fizeste uma arrenúncia meu filho da puta" seguidos de "filho da puta é a puta da tua mãe". Socos entre os menos velhos, cuspidelas e cabeçadas entre os avozinhos. Trepei para um banco e dei instruções para que a batalha se revestisse de alguma dignidade e rigor táctico - "Ó Chita, está aqui um debaixo da mesa de bilhar. Caló, o preto tatuado ainda mexe. Faná, se chamas a bófia vais ter que levar comigo, caralho."
Acabou tudo em modo bem com o alto patrocínio de algumas adegas cooperativas e associadas no mister de sustentar este tipo de espectáculos que tanta falta nos fazem para que não caiamos na tentação da inércia indulgente.