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Um blog duvidoso mas mesmo muito duvidoso.
- A questão não é essa.
- Então é qual?
- É outra.
- Outra qual?
- A questão não é essa, porra!
- Afinal qual é a questão?
- Estarei a ouvir eco? É outra, pá.
- Por vezes é árduo conversar contigo.
- Essa é outra das questões.
- E quanto à primeira?
- É outra, caralho! Quantas vezes tenho que repetir?
- Desisto.
- É uma questão com a qual tens que aprender a lidar. Agora passa-me aí a arrastadeira que fiquei aflito com esta treta toda.
Buzinar no trânsito deveria passar a ser considerado uma doença transmissível de pendor platónico sem qualquer rasto poético. E as gajas são as melhores praticantes da coisa; agarram-se à gaita como ninfomaníacas acabadas de sair da choldra, começa uma e está o decibel entornado.
Numa loja de roupa, alombar com uma pilha de pijamas e instalar-me deitadinho num provador (creio que os gajos ainda não têm provedores, se não seria o cabo dos caralhos). Esperar pelo encerramento da coisa e questionado pela gaja de serviço que aquilo estaria prestes a encerrar responder com dois bocejos intercalados "ainda não me decidi. Dê-me mais duas horitas e já agora traga-me duas almofadas".
Uma das mais importantes conquistas de Abril (tenho atrevimento de sobra para afirmar que ocupa o nº 1 do meu ránquingue Abrilesco) foi dar-me a liberdade de não postar um caralho sobre o assunto no dia em que aquela data faz anos. Por isso aqui estou no dia seguinte a explorar democraticamente aquilo a que tenho direito. Sou Português mas isso é algo sobre o qual não tenho qualquer responsabilidade.
Anteontem fui convidado para assistir ao apagamento de umas quantas velas do meu segundo realizador de cinema tuga preferido. Regras: chegar a partir das 2 da tarde e correr toda a gente a partir das 5 da manhã. Duas menos coisa lá estava eu com a minha lendária tendência para dar um jeitinho à casa (o meu lado gaja de que nunca falarei em público) aquelas merdas das quais ninguém se lembra como ter um arsenal de papel para afagar orifícios anatómicos, paletes de sacos de lixo e um iceberg no congelador. Gastei umas horas a colocar alguma ordem naquele pardieiro. Após umas dezenas de idas e vindas a todos os mini-super-hipermercados de Campo de Ourique assumi a função de porteiro. Abri a porta a 56 pessoas NUM T2, CARALHO!
Adormeci com olímpica displicência na chaise longue e creio ter dado uns quantos peiditos enquanto aquela gente toda se emborrachava. Estou todo partidinho...
Durante a cerimónia de casamentos em massa das noivas de santo António, sentado no primeiro balcão lá no teatro onde aquela merda acontece gritar bem alto sempre que o padre fizer a pergunta sobre a oposição àquela união "Eu tenho mas não digo, ouviram bem, tenho mas não digo!"
Há pouco uma gaja no supermercado com o telefone em altíssima voz dizia "Inácio, em que corredor estás? Estão aqui umas promoções de fraldas e não me consigo decidir". O Inácio responde "Estou ocupado com os enlatados, manda-me uma foto".
Após ter combinado com um amigo de voz tonitruante (o António Durães servirá para o efeito hermenêutico) atender o telefone durante uma missa de domingo dizendo bem alto "Tou? Deus? És tu pá? Há quanto tempo, meu. Estou aqui numa das tuas casas. O ambiente está cool. Estão aqui umas viúvas que até marchavam mas andas sempre ocupado. Queres falar com uma delas ou passo-te ao gerente vestido de gaja?".
Por motivos protocolares fui ontem empurrado para uma cadeira a partir da qual assisti ao mais indescritível assassinato musical da história dos mesmos: o Luís Represas, com aquela melena de beto trotskista, sorridentemente brutalizou o "Night and Day" do Cole Porter sem qualquer sinal de remorso. Pior, 2 pessoas aplaudiram e a casa abarrotava.