Apesar da total, completa e inescapável hipótese de alternativa quero ser o primeiro e redundantemente o único membro deste agregado unifamiliar a desejar um feliz aniversário ao menino Manoel. Bem sei é que só na quinta-feira mas receio que o homem me morra entrementes.
Danço assim e fico com os rins todos moídos mas a culpa é toda do vinho. Ontem foram umas quantas de Romarigo 2004 com o alto patrocínio de dois engenheiros geólogos que as trouxeram do congresso da Régua onde fizeram pouco mais do que acomodar a bagageira para acolher as ofertas de vinhaça. Bendita ordem. Também cá esteve o fodilhento das gajas com namorados que veio mais uma vez dar descanso ao pistão após outra semana de encontros sexualmente escabrosos e vai daí faz duzentos kms e qualquer coisa para vir cá dormir e pelo caminho dar cabo do frasco de cholagutt, o ressacado de merda. Além disso desagradou-me sobremaneira o modo lambedor como olhou para a égua mais velha; Carriça, se estiveres onláine, ouve-me bem minha bicha linda, tu não lhe dês ouvidos mais as suas promessas de te comprar uns arreios Vuitton que o homem até é gracioso mas já deixou muitas mulas a penar à porta de muita igreja e catedral deste país inclusive em Las Vegas. Arre!
A memória, no fundo, é uma filha bastarda, uma minhoca imunda e prenhe de infidelidade que nos parasita.Temo-la como apêndice indesejável do mesmo modo que ao comprar um carro ninguém pergunta "quer este fabuloso bólide com ou sem carburador?". Havia aqui matéria para doutoramentos e o caralho a quatro. Fumava os primeiros coisos nos idos de Março dos oitentas e tal e chagava a cabeça a um passador que também de discos para fazer circular esta rodela de vinil. O homem repousa, certamente, num qualquer presbitério Minhoto indeciso entre o Stabat Mater do Pergolesi e o bacalhau do quim barreiros. Não tenho qualquer mesericódia pelo boi. Agora isto é que sim senhoras...
É uma e pico da matina e ainda sou gajo para insistir de forma hidráulica no trazer alguma elevação discursiva no palavrar quando no quintal do vizinho é que acontecem coisas verdadeiramente fixes sendo que o mesmo é o Casanova cujo endereço está ali ao lado nas barras amarelas disfarçado de invertido. Não tenho idade nem saúde para fornecer línques aos ociosos. Pois então é favor afivelar as braguilhas:
Registei esta frase: "E que tal se fosses mas é pró caralho?" Não sei se fará sentido o "mas é" aqui, até porque - o "até" aqui não faz sentido nenhum, por exemplo - já está lá o "e que tal se". Portanto, seria correcto dizer "Vai mas é pró caralho" como quem diz "não vás aí, vai antes ali", ou então "E que tal se fosses para o caralho?". Vou reflectir.
13:11
Anónimo disse...
E que tal se em vez de ires reflectir fosses pró caralho. Mas olha, presta bem atenção, é mesmo pró caralho que eu quero que tu vás. Não é por aí, nem por ali, nem por acoli, é mesmo pró caralho. Compreendeste? Gostaste mais assim, na forma palavrosa?
Sim, assim faz muito mais sentido. Mas não consigo compreender o que é "ir pró caralho". É algum sítio? Qual é o fundamento do conselho? Se fosse, por exemplo, "põe-te no caralho" eu já lhe via alguma finalidade. Agora, "vai para" não faz grande sentido.
21:21
Anónimo disse...
A tua conversa dá a entender que pensas “o caralho” como uma coisa. Ora bem, “o caralho”, como toda gente sabe, não é uma coisa mas um sítio. (Aqui poderá ficar implícita a ideia discutível de que um sítio não é uma coisa, mas deixemos a filosofia para mais tarde e centremo-nos na semiótica). Exactamente como “a merda”, “a puta que te pariu”, “a cona da tia”, etc., também são sítios. Sendo sítios, podemos mandar pessoas para lá. Mas também podemos dizer-lhes que se ponham nesse sítio, exactamente da mesma forma como dizemos “põe-te na rua”, por exemplo. Sendo que, como é óbvio, mandamos as pessoas para um sítio e dizemos-lhes que se lá ponham pretendendo significados que ainda que não sejam totalmente distintos, são ainda assim distintos. E a diferença aqui está no tempo. Se eu digo “põe-te no caralho”, quero dizer que para lá vás imediatamente. Se disser “vai pró caralho”, não me importa o tempo que lá demores a chegar, desde que lá chegues e por lá fiques. Seja como for, o importante no meio de tudo isto, é escolher o sítio apropriado a cada caso concreto. E “o caralho” (isto já para não dizer “o caralho mais velho”, mas enfim…) parece-me um sítio apropriadíssimo para onde mandar gajos que têm a mania que são engraçadinhos como o autor deste blog, por exemplo. Estamos esclarecidos?
Compreendi. Mesmo assim... é muito indefinido. Se ao menos se quisesse saber do "ir para o caralho" no seu todo faria mais sentido. O tempo que demora a ir, por exemplo. Se não se está interessado no tempo que se demora a lá chegar qual é o interesse? Existe algum desprezo, portanto. Se existe esse desprezo por que é que se manda pró caralho? Não faz sentido porque a beleza do desprezo é não ligar à contraparte, deixá-la na sua triste figura. Ao contrário, se afirmamos algo que desejamos ver concretizado preocupamo-nos com todos os pormenores.
00:01
Anónimo disse...
Como? Peço auxílio hermenêutico! Não percebi a ponta de um caralho!
Nota bem: Se por acaso não compreenderes o sentido da frase “Não percebi a ponta de um caralho”, disfarça e não manifestes a tua incompreensão. Se o fizeres, se te queixares que não entendes e não faz sentido e etc. e o desprezo e mais não sei quê, posso eventualmente perder a paciência…
Julguei que a perda de paciência era um facto. Aliás, essa agressividade toda acaba por não ajudar à compreensão do assunto, que me parece bastante interessante. De qualquer forma eu respeito essa canalização do ódio e do desconforto.
13:35
Ricardo F. disse...
Lá está... há sempre a hipótese de o caralho lhe dizer: -"Eh pá, aparece aí!". Ao que o Anónimo poderia responder: -"Não apareço não! Eu vou! Isso de aparecer faz uma porcaria e desarruma tudo!"
15:04
Anónimo disse...
A coisa está a engonhar e portanto saio de cena. Despeço-me sem te mandar pró caralho porque me pareces muito simpático. Um tanto ou quanto chato, é certo, mas simpático e educado (ao contrário de mim, que sou uma besta). Fica bem. Só mais uma coisa: Não me move qualquer espécie de ódio. Alguma irritabilidade, admito. Ódio, não. Absolutamente não.
Sete minutos e quarenta segundos da melhor actriz da zona abrangida pelos limites das montanhas rochosas e o oceano pacífico. Aproveito para comunicar que acabei de adquirir dezoito dvd e que só me resta confirmar a entrega de duas caixas de Quinta do Crasto 2005 - reservadas antes do 3º lugar da Wine Spectator - para fazer de mim um gajo bestialmente feliz e com todas as faculdades intactas para ser atravessado pela colecção outono-inverno do instituto nacional de meteorologia e geofísica.
Anónimo disse...
E que tal se fosses mas é pró caralho?
23:40
Registei esta frase: "E que tal se fosses mas é pró caralho?"
Não sei se fará sentido o "mas é" aqui, até porque - o "até" aqui não faz sentido nenhum, por exemplo - já está lá o "e que tal se".
Portanto, seria correcto dizer "Vai mas é pró caralho" como quem diz "não vás aí, vai antes ali", ou então "E que tal se fosses para o caralho?".
Vou reflectir.
13:11
E que tal se em vez de ires reflectir fosses pró caralho. Mas olha, presta bem atenção, é mesmo pró caralho que eu quero que tu vás. Não é por aí, nem por ali, nem por acoli, é mesmo pró caralho. Compreendeste? Gostaste mais assim, na forma palavrosa?
18:25
Sim, assim faz muito mais sentido. Mas não consigo compreender o que é "ir pró caralho". É algum sítio? Qual é o fundamento do conselho?
Se fosse, por exemplo, "põe-te no caralho" eu já lhe via alguma finalidade. Agora, "vai para" não faz grande sentido.
21:21
A tua conversa dá a entender que pensas “o caralho” como uma coisa. Ora bem, “o caralho”, como toda gente sabe, não é uma coisa mas um sítio. (Aqui poderá ficar implícita a ideia discutível de que um sítio não é uma coisa, mas deixemos a filosofia para mais tarde e centremo-nos na semiótica). Exactamente como “a merda”, “a puta que te pariu”, “a cona da tia”, etc., também são sítios. Sendo sítios, podemos mandar pessoas para lá. Mas também podemos dizer-lhes que se ponham nesse sítio, exactamente da mesma forma como dizemos “põe-te na rua”, por exemplo. Sendo que, como é óbvio, mandamos as pessoas para um sítio e dizemos-lhes que se lá ponham pretendendo significados que ainda que não sejam totalmente distintos, são ainda assim distintos. E a diferença aqui está no tempo. Se eu digo “põe-te no caralho”, quero dizer que para lá vás imediatamente. Se disser “vai pró caralho”, não me importa o tempo que lá demores a chegar, desde que lá chegues e por lá fiques.
Seja como for, o importante no meio de tudo isto, é escolher o sítio apropriado a cada caso concreto. E “o caralho” (isto já para não dizer “o caralho mais velho”, mas enfim…) parece-me um sítio apropriadíssimo para onde mandar gajos que têm a mania que são engraçadinhos como o autor deste blog, por exemplo. Estamos esclarecidos?
22:32
Compreendi. Mesmo assim... é muito indefinido. Se ao menos se quisesse saber do "ir para o caralho" no seu todo faria mais sentido. O tempo que demora a ir, por exemplo. Se não se está interessado no tempo que se demora a lá chegar qual é o interesse? Existe algum desprezo, portanto. Se existe esse desprezo por que é que se manda pró caralho?
Não faz sentido porque a beleza do desprezo é não ligar à contraparte, deixá-la na sua triste figura. Ao contrário, se afirmamos algo que desejamos ver concretizado preocupamo-nos com todos os pormenores.
00:01
Como? Peço auxílio hermenêutico! Não percebi a ponta de um caralho!
Nota bem: Se por acaso não compreenderes o sentido da frase “Não percebi a ponta de um caralho”, disfarça e não manifestes a tua incompreensão. Se o fizeres, se te queixares que não entendes e não faz sentido e etc. e o desprezo e mais não sei quê, posso eventualmente perder a paciência…
09:46
Julguei que a perda de paciência era um facto. Aliás, essa agressividade toda acaba por não ajudar à compreensão do assunto, que me parece bastante interessante.
De qualquer forma eu respeito essa canalização do ódio e do desconforto.
13:35
Lá está... há sempre a hipótese de o caralho lhe dizer: -"Eh pá, aparece aí!". Ao que o Anónimo poderia responder: -"Não apareço não! Eu vou! Isso de aparecer faz uma porcaria e desarruma tudo!"
15:04
A coisa está a engonhar e portanto saio de cena. Despeço-me sem te mandar pró caralho porque me pareces muito simpático. Um tanto ou quanto chato, é certo, mas simpático e educado (ao contrário de mim, que sou uma besta). Fica bem.
Só mais uma coisa: Não me move qualquer espécie de ódio. Alguma irritabilidade, admito. Ódio, não. Absolutamente não.
15:29