O meu avô materno era gerente de uma sala de cinema antes e depois do Salgueiro Maia entregar uma ordem de despejo no Largo do Carmo a um gajo careca que tinha um programa a preto e branco na tv. O pai da minha mãe adormecia sempre ainda no genérico; logo, era anti-fascista. Mas nunca teve ficha na polícia (os filhos da Pide!). Quando os filmes eram para maiores de 6 anos o avô do meu irmão deixava-nos ficar até ao surgimento em Téquenicólore da imagem do estúdio, que patrocionava a rebaldaria que viria a seguir, momento no qual eu berrava "Paramonte" ou "Unáitede Artistes". Digo eu porque só eu é que ganhava. Sempre. Depois, o arrumador arrastava-nos pelos pés no meio de uma berreiro capaz de abafar qualquer orquestra sinfónica que tentasse seguir a partitura e o escarcéu só terminava no Bar quando nos punham nas beiças dois Sumóis de Ananás fresquinhos.
Ainda hoje o filho mais novo da minha mãe me olha de esguelha com as íris a faíscar enxofre 24 vezes por segundo. Agora é convosco: quem acertar nos nomes dos cavalos que aceleram nesta hiperordinária obra da prima da montagem receberá uma grosa de ovos que deverá ser arremessada - à unidade - quando os paraolímpicos atingirem a Torre de Belém vindos a nado, em pneus ou nas hélices de um cargueiro lá daquele sítio onde decorrem umas jogatinas para onde foram empurrados por engano.